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Relatório: Desvio para o Vermelho

Sobre o autor da obra

 

Cildo Meireles nasceu em 1948 na cidade do Rio de Janeiro. Passou parte de sua infância e adolescência entre Goiânia, Belém do Pará e Brasília. Em 1963, passou a ter contato com a arte moderna e contemporânea. Nessa época, começou a estudar com o pintor peruano Barrenechea na Fundação Cultural do Distrito Federal. Ao mesmo tempo, acompanhava a produção artística internacional por meio de livros e revistas.

Através de publicações, conheceu o Grupo Neoconcreto, do Rio de Janeiro. Sentindo-se atraído pelo movimento, mudou-se para a capital carioca em 1967. No mesmo ano, montou sua primeira instalação, Desvio para o Vermelho, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1970, participou da exposição coletiva Information, no Museum of Modern Art, de Nova York. De 1971 até 1973 residiu nos Estados Unidos. Ao retornar para o Brasil, passou a concentrar-se nas linguagens conceituais e na apropriação de objetos não-artísticos. No início da década de 1980, incorporou às suas instalações e esculturas objetos como hóstias, moedas e ossos. Já nos anos 2000, suas obras ganharam instalações sonoras e luminosas.

Cildo é um dos mais importantes artistas brasileiros contemporâneos. Realizou várias exposições individuais importantes em lugares como Nova York e Londres, além dos trabalhos realizados nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de São Paulo. A intensa produção do artista continua em andamento.  

 

 

 

 

Cildo Meireles concebeu sua primeira obra, Desvio para o Vermelho, em 1967. Nessa época, o Brasil vivia um dos períodos mais conturbados da história. No auge da Ditadura Militar, Meireles começou a desenvolver seus trabalhos para posteriormente tornar-se um dos maiores artistas de sua geração.

Atualmente ele desempenha um papel importante na produção artística, encontrando-se na transição da arte brasileira. Entre a arte Neoconcretista, que valoriza a sensibilidade e a expressividade da obra e a arte Conceitual, em que se valoriza mais a idéia da obra que o objeto final, ele questiona problemas políticos e sociais decorrentes do contexto brasileiro, além de lidar com questões da estética e do objeto artístico.

Alguns de seus trabalhos, como os realizados na década de 80, costumam fazer referências a movimentos de vanguardas e ao pintor, escultor e poeta francês Marcel Duchamp. Assim como no ready made do artista francês, Cildo “incorpora em seu repertório um citacionismo irônico” (www.macvirtual.usp.br) da arte vigente utilizando objetos do cotidiano como forma de problematização. ”Seu trabalho simboliza o máximo grau atingido pela relação aberta entre linguagem e interação” (www.macvirtual.usp.br).

  

Contexto de Atuação

Outras Obras de Cildo Meireles

Inserções em circuito ideológico (1970)

Durante o processo de repressão ocasionado pela Ditadura Militar, várias opiniões e frases eram censuradas na mídia. Com dificuldades para expressar pensamentos e idéias, Cildo Meireles, percebeu que objetos de grande circulação poderiam servir como meio para fazer críticas de cunho político e social.

Através de carimbos feitos em garrafas retornáveis de Coca Cola e notas de dólares e de Cruzeiro (moeda de circulação na época), o artista se manifestava por meio de frases como “Quem Matou Herzog?” e “Yankees Go Home!”.

Essas obras não foram levadas aos circuitos da arte, pois tinham o propósito de atingir o público de forma mais direta, por isso, o artista utilizou os objetos citados anteriormente, deixando-os como atuantes no cotidiano. Meireles caracteriza esse trabalho como um “Grafitti que se movimenta".

 

Babel (2001)

Na obra Babel, Cildo Meireles, formou uma torre de 5 metros composta de vários aparelhos de rádios sintonizados em diferentes estações. A montagem recebe esse nome, pois faz referencia a Torre de Babel e a difusão linguística relatada na Bíblia.

Na história, povos da Babilônia tinham a intenção de construir uma torre alta que alcançasse o céu e de edificar uma cidade para evitar a difusão da língua e das pessoas pela Terra. Porém, os babilônicos provocaram a ira de Deus que para castigá-los confundiu-lhes as línguas e os espalhou por toda a Terra.   

Levando em consideração o contexto da história, nesse trabalho o artista faz questionamentos e reflexões sobre a incapacidade da comunicação, que muitas vezes é responsável por conflitos.

 

Através (1983-1989)

Nessa obra, Cildo Meireles utiliza diversos objetos do cotidiano que normalmente são utilizadas como barreiras. Grades de prisão, cortinas de chuveiro e vidros estilhaçados no chão remetem aos empecilhos e às dificuldades que encontramos no dia-a-dia. Porém, no centro da obra, encontra-se uma grande esfera que se remete ao núcleo de uma célula. Com isso, o autor faz alusão aos obstáculos da vida e à busca para superá-los.  

 

Desvio para o Vermelho

A obra Desvio para o Vermelho foi concebida em 1967, por Cildo Meireles e está exposta desde 2006 em caráter permanente no Instituto Inhotim. 

Durante a Ditadura Militar, um jornalista próximo à família de Cildo, sofreu repressão e acabou morto. Algumas pessoas pintaram então, paredes com sangue para demonstrar indignação. A partir desse momento, Cildo Meireles passou a colecionar objetos vermelhos.

Esse trabalho possui uma série de símbolos e metáforas que levam a inúmeras interpretações, pois o artista busca despertar uma sequência de lógicas, sentimentos e impactos no espectador.

A existência de três ambientes, Impregnação (sala de objetos vermelhos), Entorno (garrafa entornando líquido no chão) e Desvio (água vermelha jorrando em uma pia inclinada) servem de estratégia. Assim, o artista consegue demonstrar e criar uma sequência de ideias, explicadas por ele da seguinte forma: "de uma certa maneira, a garrafa explica a sala, ela introduz  a ideia de horizonte perfeito que é a superfície de um líquido em repouso. E, caminhando mais, você chega nessa pia que desmente justamente essa ideia de horizonte perfeito, e introduz esse desvio. Na verdade, o que acontece são desvios de desvios, assim como a primeira sala, que é uma coleção de coleções" (MEIRELES, revistacarbono.com).

O artista utiliza vários materiais para compor sua obra, juntos e todos vermelhos eles podem representar desde a "violência do sangue até conotações ideológicas" (www.inhotim.org.br).

 

 

 

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